tragédia da Chapecoense: uma crônica
meu texto Tragédia da Chapecoense: uma crônica, foi publicado no blog do juca kfouri um mês depois da tragédia, que completa 4 anos em 29 de novembro de 2020.
mas eu havia escrito mesmo dois dias depois.
de qualquer modo, uma atualização de Tragédia da Chapecoense: uma crônica indica que a batalha dos familiares para receber indenizações continua (clique aqui e veja que uma corte dos EUA definiu indenização bilionária para uma parte dos familiares). E, enfim, no brasil, até CPI tá rolando. E esse link aqui é a última atualização sobre a luta das famílias. Portanto…
…leia agora a crônica em homenagem aos que se foram e aos que ficaram
Começou assim.
Girardot lotado e gritando verdemente pelo Nacional. Meia dúzia de brasileiros torcia humildemente. Apito. E pernas corriam, pés tabelavam, bola passeava feliz de pé em pé, coxa, peito, cabeça. Então Danilo sorriu ao ver a bola piscar para o travessão aos três minutos de jogo. Mas não havia tempo para jogo brusco. Nem faltas pesadas ou violência gratuita (muito menos aquela à prazo). Só havia tempo para a bola e seus voos sem asa, seus pombos-mensageiros. Por exemplo, Danilo fez três defesas milagrosas em dez minutos. Borja, duas vezes: uma de cabeça, no canto baixo (Danilo tirou com a unha que ele esqueceu de cortar no dia anterior), outra num chute de fora da área que tinha endereço no famoso ninho da coruja, agradecida ao goleiro da Chape por não perder sua casa.
O terceiro lance foi de coragem.
Danilo saiu impetuosamente pra tirar a bola dos pés de Berrío, depois de uma enfiada magistral de Torres. O meia colombiano ainda bateu uma falta aos 30 minutos que abraçou a trave esquerda, depois de resvalar na perna do zagueiro Marcelo. Caio Júnior estava preocupado. Porque o time tinha de avançar as linhas. Então mandou Cléber Santana puxar o coro. Aí, então, aos 32, Gimenez avançou em contra-ataque. Lançou Tiaguinho, que não alcançou a bola e enganou, mas enganou sem querer, o zagueiro Bocanegra. Assim, na sequência, Bruno Rangel apareceu sozinho e chutou pro gol.
Inapelável.
1×0 Chapecoense
A meia dúzia de brasileiros foi ouvida. Assim, o jogo ficou mais intenso, mais honesto e bonito. Cinco finalizações certas do Atlético Nacional. Duas da Chape. Respirar era para os fracos. Via-se o Deva, da cabine de imprensa, sorrir sem parar. Já Mário Sérgio comentava a loucura ofensiva dos dois times, enquanto Victorino contava, ali do gramado, que os treinadores pararam de dar orientações e apenas curtiam, à Klopp, o jogo. Os dois goleiros impediam mais gols. Porém, o Nacional era mais forte e perigoso.
Sim, a Chape era guerreira e veloz. No último minuto, a sorte. Ou falta dela. Alan escorregou na parte do gramado que estava mais úmida por causa da chuva de horas antes. Torres se aproveitou e passou. Invadiu a área e tocou por cima de Danilo.
1×1. Intervalo.
Segundo tempo
Biteco fazia partida monumental e tinha roubado a milésima bola. Sérgio Manoel, tático e técnico, olhava para frente. Santana lançava Tiaguinho, que virava para o Gimenez. O lateral cruzou, Bocanegra cortou mais uma. Na sobra, Tiaguinho lembrou que seria pai e seus pés sorriram de emoção. O chute saiu curvo, bateu no travessão, desalojou a coruja verde colombiana:
1×2 Chape
Durante os 25 minutos restantes os torcedores (que não paravam de animar) viram entrega, lances incríveis, linhas avançadas, transições, inversões de jogo, trocas de posições, defesas, chutes errados, perdas de bola na defesa. Viram futebol. Viram arte. Ou seja, vida em ação. Aos 38, então, Borja recebeu de Uribe. Mas devolveu para Torres. O meia olhou pra um lado e tocou para o outro, de novo para Borja.
2×2 Atlético Nacional.
O jogo seguiu efervescente até o final. Danilo ainda viu a trave paquerar a bola mais duas vezes. Em outro lance, aos 48, ele salvou sem querer, numa cabeçada de Ibargüen, que tinha entrado 10 minutos antes.
Fim de jogo. 2×2.
A volta, no Paraná, seguiu o mesmo roteiro dramático, mas com menos bola e mais tensão.
1×1.
Gols de Arias e Tiaguinho. Um em cada tempo.
A decisão foi para os pênaltis (Tragédia da Chapecoense: uma crônica… continua)
As quatro primeiras cobranças foram perfeitas dos dois lados. Na última, Alan bateu mas perdeu. Bonilla, no entanto, acertou o canto. Alan chorou. Então a torcida gritou o nome dele. Danilo gritou do outro lado: – Eu vou pegar, Alan, eu vou pegar, irmão! Borja, decisivo, ajeitou a cobrança. Silêncio no estádio. Danilo fechou os olhos e respirou profundamente. Abriu os olhos e viu Borja correr pro chute. O atacante colombiano chutou e… Danilo ia para o canto direito. A bola foi pro meio. Danilo conseguiu levantar a perna e tocar na bola, que bateu no travessão e não entrou. Êxtase. Nesse instante, no entanto, quando todos estavam felizes ou incrédulos, quando tudo era sorrisos, a luz apagou.
O estádio ficou no breu.
Segundos depois, as luzes voltaram. Os jogadores da Chapecoense, assim, se abraçaram em tom de despedida. Neto olhou para Gil e lhe deu um abraço. Ananias se despediu de Alan. Já Follmann e Danilo caminharam juntos, com o primeiro chorando. As milhares de pessoas no estádio aplaudiam e cantavam o nome de todos. Enquanto isso, a torcida colombiana aplaudia também e chorava junto. Alan, Follmann e Neto ficaram, assim como o jornalista Henzel. Eles viram seus companheiros de bola e de imprensa indo em direção ao vestiário, que tinha uma luz incomum, verde-claro.
Os jornalistas esperavam o time ali, microfones prontos para as entrevistas que ninguém ouviria. Todos foram embora pegar um voo. Porque eles precisavam ir.
O jogo terminou.
Então todos os jogadores do Atlético Nacional aplaudiam os rivais que foram e os que ficaram. A luz do vestiário apagou após a passagem do último jogador: Danilo, que olhou para a torcida, para os três companheiros que ficaram e disse:
– Agarrei nosso sonho, Alan, eu te falei. Defendi. E agora? Não sei. Ninguém sabe.
E esta foi a epopeia da Chapecoense.
quer saber mais do que faço, além de poesia, crônicas, contos, jornalismo e artigos e …?
Alem desse texto Tragédia da Chapecoense: uma crônica, ou de poemas e etecéteras, tenho outras coisas, como cursos.
autoconhecimento, comunicação, oratória, redação (curso exclusivo). mas vou falar dos três primeiros aqui (e muito mais do primeiro curso):
Meu cursos são basicamente análise e interpretação de discursos, tanto em oratória, quanto em comunicação quanto em autoconhecimento. Porque isso está ligado nos três cursos. Além disso, eu uso literatura, filosofia e cinema para analisar a cultura digital atual. Assim, vou desconstruindo conceitos, os reformulo e mostro que nada é o que parecer ser e que nós menos ainda. Enfim, essa é a base.
como assim?
Quanto ao que cada aluno vai aprender depende do conhecimento dele. Ou seja, eu simplesmente parto de onde ele está. Por isso, no dia da aula experimental, farei duas coisas. Mostrarei onde pretendo chegar e como farei isso. Então, a segunda coisa será fazer um diagnóstico do quanto o aluno sabe de cada curso. Além disso, farei perguntas simples, como, por exemplo, como ele define o que é beleza. Espero a explicação e aí eu já desenho o perfil cultural do aluno.
Dessa forma, as aulas, os textos e a complexidade das aulas vão de acordo com o nível dele. Já o tempo do curso depende da disponibilidade do aluno, mas eu vou pedir no mínimo 3 horas de estudo semanais (cada aula online por uma hora e meia). Então, eu não faço milagres, não vendo milagres, não acredito em milagres, por isso, na aula experimental digo que o curso pode levar meses (cada aula, um tópico mais ou menos). E os tópicos (do curso de autoconhecimento) são… peraí… clique aqui que eu mostro a grade de autoconhecimento. É isso.
Abraços.
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