possuído
encostado aqui em teu coração
vou me levando pelos sussurros do vento
que leve… me leva
e revela em 3×4 meus sonhos tatuados na alma
o vento enleva sobretudo o corpo
esse concreto púrpura e maciço
lembro-me de meu corpo caindo
rindo freneticamente
enquanto o descompasso único
do teu peito cantava
se agigantava
artéria pulsando artéria correndo
artilharia de glóbulos do bem e do mal
somos todos assim
a região do peito é mistério e caverna
um calor solitário e triste
solista de acordes percussivos
toco meu peito, sinto as batidas
procuro-as e encontro a melodia sinfônica
imagino a sua regência
teus dedos, no lugar dos meus
vou sorrindo pra mim como sorririas
vou sentindo tua ausência e tua presença
como sentirias a minha
acordo febril, à álvares de azevedo,
mas sem a febre real
vivo assim
acompanhado pela demência virtual
pelo silêncio e a lua
pela música, pelo cinema
por essa dor no peito
e pelo poema
(quem sabe uma carta
um abraço, um telefonema?)
um email, um toque de celular
um jeito de devolver essa pulsação incessante
que veio do teu beijo,
no luar dos amantes
ou qualquer coisa remotamente
despudoradamente
comunicável
meu peito é uma escola de samba sem harmonia
e o teu
é bateria fora do compasso
dessa agonia rítmica
eu passo
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