Marketing político está na rede: eleições, dilma, marina e aécio
O novo marketing político domina a rede nestas últimas eleições, é fato. Dilma, Aécio e Marina fizeram parte da rede social e da antissocial. Vamos aos casos: Luciana Genro teve 1,6 milhão votos (e uns quebrados). Meio milhão veio do estado de São Paulo. 207 mil vieram da cidade de São Paulo.
Está claro aí que boa parte do sucesso dela teve a ver com seus próprios méritos quando apareceu nos debates e em outras entrevistas, e principalmente após a divulgação desses mesmos vídeos pelas redes sociais. Digamos que 1 milhão desses votos tenha sido fruto de um ótimo trabalho de marketing político da rede social ou em outras formas e plataformas. Espontâneo, ou pensado, ou um pouco dos dois. É o fenômeno bem aplicado de marketing político nas redes.
E esse novo marketing político na rede só funcionou porque Luciana Genro é boa mesmo no discurso. 227 mil no Rio. 139 mil em Minas. 143 mil do Rio Grande do Sul (e ela é filha de Tarso Genro, que foi para o segundo turno do governo estadual, ou seja, um lugar onde deveria ser mais conhecida e ter mais votos). Em termos de porcentagem: Em MG, ela teve 1,26%. No RS, 2,25%, em SP, 2,41%.
Marketing político na rede: eleições mostram que funciona
Por que Luciana Genro teve mais votos e porcentagem em São Paulo do que no Rio Grande do Sul? Na capital paulista, a candidata obteve 3,33% dos votos. Creio que o fator facebook fez algum efeito, porque também creio que as redes sociais fazem mais diferença em São Paulo do que em qualquer outro lugar. E não é por questão econômica, é cultural mesmo. Mas se você tiver dúvidas, dê uma fuçada no google analytcs. Ou pergunte ao próprio face.
Por isso o voto paulista mostra mais volatilidade, mais incoerência, mais surpresas. O paulista que reclama e quer algo sempre novo é o mesmo que elege Russomano, Feliciano* e dá milhares de votos ao Maluf, apesar de sua Ficha Suja (literalmente). É o mesmo que via em Marina uma alternativa “a tudo o que está aí”. Mas, “supreendentemente”, esse povo escolhe Aécio e mantém Alckmin no governo estadual (ou seja, a questão do algo novo é relativo e seletivo).
*Uma observação: Feliciano foi xingado e execrado nas redes sociais. Mas foi o terceiro mais votado para deputado federal: 396 mil e 141 votos. Sua exposição negativa nas redes sociais teve fator positivo para ele. Fez com que suas ideias conservadoras aparececem para os eleitores iguais a ele. Ou seja, os anti-Felicianos divulgaram o deputado para milhares de pessoas iguais a ele, que antes nem o conheciam.
Propaganda é a alma do negócio
O marketing político na rede apareceu nestas eleições com uma propaganda midiática contra o governo Dilma. Isso começou há quatro anos, antes de ela se eleger, foi marcada por ataques via internet, contra a petista. Eu mesmo recebi diversos emails dizendo que ela não podia entrar nos EUA por ser uma terrorista procurada. De absurdos assim a outras coisas mais críveis, porém, igualmente falsas. A esquerda reagiu e aprendeu a bater na oposição, também via redes sociais.
O fato é que em São Paulo, especialmente na capital, esse debate raramente é sadio. Na verdade nem chega a ser um debate. É uma estratégia de marketing político que visa a disseminação de frases simples, de depreciação pura, que desinformam e distorcem verdades. É como aquele apelido maldoso que as crianças colocam em alguém. Se o novato se irritar, ou não souber lidar com isso, o apelido vai pegar para sempre. Seja ele maldoso, verdadeiro, ou não.
Na publicidade, uma coisa importante é que a marca pegue na memória das pessoas. Que a imagem do produto seja de confiança. Que você compre – mesmo que tenha o preço maior do que o do concorrente, ou mesmo que o rival seja melhor: você não sabe porque não compara. Uma boa estratégia de marketing pode convencer você a deixar o que é bom para usar algo que supostamente é melhor, mas comprova-se depois que não é. Não, os marqueteiros não são mágicos.
Marketing político na rede: eleições e a boa imagem
Criar uma boa imagem depende de vários fatores. O primeiro deles é que o cliente ajude, tenha algum carisma. Se a Luciana Genro se chamasse Dilma Rousseff, o governo petista teria ganhado esta eleição no primeiro turno. A mídia paulista e carioca, que controla a maior fatia do bolo publicitário, é quem controla como distribuir e disseminar as informações que vão melhorar ou piorar a imagem dos candidatos.
No G1, que é das organizações Globo, uma manchete destacava que a concentração de renda tinha aumentado 0,002. E logo abaixo, outra manchete dizia que o analfabetismo tinha caído 0,4. No “olho” da segunda matéria (positiva para o governo) se dizia que houve uma “leve queda” no analfabetismo. Mas na manchete principal (negativa para o governo), não havia essa palavra – “leve” – para se referir ao aumento na concentração de renda. Sutilezas do jornalismo.
Ou seja, quando cai, algo que é bom, é uma leve queda (0,4, que é quase meio). Mas quando algo ruim sobe 0,002 (dois milésimos de quase nada), não tem a palavra “leve”, para aumento. Nesse caso não é leve, é ínfimo. A manchete correta, jornalística (para manter o tom negativo), seria: “Concentração de renda continua alta”. Esse tipo de coisa poderia ser inconsciente, ou premeditado, que é o que parece. E foi recorrente em toda a campanha. Na verdade, nos últimos quatro anos.
IBGE corrige, mas e o destaque para a notícia correta?
Mas, ainda sobre aquela manchete: o IBGE corrigiu depois os números da concentração de renda, que mostraram, na verdade, que houve queda (ínfima). Sim, aconteceu uma queda na concentração de renda. Mas o que não houve foi manchete alguma falando disso no G1, ao contrário, a notícia era sobre a falta de credibilidade do IBGE, por causa do erro. Nas redes sociais, as pessoas que já tinham predisposição para odiar o governo, espalhavam piadas do tipo: “olha o governo forçando a barra pro IBGE dizer que a concentração de renda não piorou”.
Nesse novo marketing político na rede, as eleições ganham novo formato. A propaganda negativa, nos últimos quatro anos, pegou. E colou mais ainda porque a presidenta não é descolada como o Lula. Longe disso. Quando Aécio prega um governo decente (sem corrupção), isso cola na mente do paulista porque para o paulista, o PT é corrupto. Não deixa de ser curioso: o mensalão mineiro é uma exclusividade do PSDB, envolveu mais dinheiro desviado e mesmo assim ninguém ligou.
Marketing político nas redes: distorções e distrações
Ajuda o fato de que sequer foi julgado no mesmo estilo show a que foi julgado o outro mensalão, que envolveu petistas. O escândalo do Metrô de SP também não colou na imagem do governador Alckmin. A crise de água também foi outro “apelido” que não pegou. Imagem é tudo. O marketing, às vezes, é involuntário, outras vezes é aproveitador. Nesse caso, o que supostamente poderia pegar mal para a imagem da Dilma, a oposição conseguiu fazer colar. E o que certamente deveria fazer mal para a imagem da oposição, o PSDB conseguiu que não colasse muito.
Os paulistas que só leem G1, Uol (da Folha), Veja, Época, Estadão e Folha, acreditam no que estão lendo. Reagem. Se revoltam contra o governo federal por qualquer coisa. E não ligam muito quando é algo que tenha relação com o governo estadual, mesmo que seja grande e verdadeiro. É como se Alckmin/Serra/Aécio tivessem salvo-conduto.
P.S: a primeira pergunta que se deve fazer ao Aécio é: o senhor disse que fez uma revolução em Minas e foi o melhor governador de lá, então, por que o senhor perdeu para Dilma em seu próprio estado?
para Dilma: por que São Paulo odeia tanto a senhora?
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