longo tratado em que trato de colocar os pingos nos jotas

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de quem é o direito da vida?

quem tem o direito de dar ou tirar a vida alheia? se a resposta for religiosa: Deus

e, assim sendo, raciocinemos…
se somente Deus pode dar a vida e tirá-la, não faz muito sentido o ser humano criar leis a esse respeito. isto é, pena de morte não se justifica. uma lei contra aborto não é coerente. definir uma lei sobre eutanásia ou morte digna, não faz sentido.
explico melhor. a lei humana não pode decidir quem deve ou não morrer. a lei que proíbe aborto está interferindo no pensamento religioso, em nome do próprio pensamento religioso, que definiu ser Deus o único que pode discorrer sobre o tema. todas as leis têm sua lógica: proteger a sociedade. mas proteger quebrando as regras de deus? eu sei. você vai perguntar: mas e quem mata, o que fazemos com o assassino? todas as diferentes respostas para isso foram dadas por homens, que diziam estar divulgando a visão de Deus (seja ele de qual religião for).

ok.

agora vamos para o lado não-religioso.

leis sobre morte e vida são aplicadas com um objetivo prático. se ele não é alcançado com êxito, então a lei não funciona. se não funciona, é preciso mudar. por exemplo, a pena de morte.
os americanos adotam essa lei há tempos. os próprios estão repensando se devem acabar com ela. por quê? por questões humanitárias? a desculpa pode ser essa, mas, na verdade, não é. matar bandido legalmente serve para avisar aos outros criminosos que não devem fazer o mesmo tipo de crime que leve a isso.
e serve para que a sociedade fique limpa de “gente assim, monstruosa”, certo? ok. estamos livres? não, eles proliferam. os bandidos têm medo da pena capital? não.
e tem outro ponto crucial. a justiça é falha. o sistema judiciário, em qualquer lugar do mundo, comete erros. ou seja, alguém inocente pode ser condenado a morte. algo que já ocorreu diversas vezes. então eu pergunto: vale a pena matar um inocente por 50 bandidos culpados? eu penso que não. um inocente não vale 200 culpados. conclusão, o sistema de pena de morte não funciona para aquilo que deveria.

aborto. quem deve decidir sobre o bebê é a mãe (ou a família, caso seja muito nova). é assunto de mulher, não de homens, nem de leis feitas por homens. os homens dão apoio a qualquer decisão, homens aconselham, prometem cuidar etc. mas não decidem. elas decidem. por isso, por ser pessoal, não pode haver uma lei proibindo ou permitindo. aborto é questão de saúde pública. não pode haver tantas adolescente morrendo por abortos ilegais e mal feitos. a igreja quer ajudar? aconselhe, dê assistência, diga que vai cuidar do bebê se a mãe não quiser, faça qualquer coisa, mas não se meta a fazer lobby para manter a lei do aborto. não é decisão religiosa. que todos se esforcem por ajudar e convencer a mulher a não fazer o aborto. porque no fundo, no fundo, ninguém é A FAVOR do aborto. ninguém acha o ato de abortar divertido. eu sou a favor de NÃO HAVER LEI proibindo o aborto.

a eutanásia é um pouquinho diferente. é importante REGULAR essa questão com uma lei. porque é possível que haja tentativas de assassinatos com a desculpa de se estar ajudando alguém que sofre a morrer. é possível. para evitar isso, é preciso avaliar cada caso, e ter a aprovação do doente terminal, ou de sua família, caso o doente esteja inconsciente. é a chamada morte digna. é recusar o tratamento que só lhe provoca dor, sem resultados práticos. porque a medicina não pode esquecer que sua função também é minimizar o sofrimento humano. por isso, todos têm o direito a morte digna. não é suicídio ou pedir pra morrer. é “me deixem morrer dignamente”. porque a morte vem, mais dia menos dia.
a religião é categórica: feto é vida, não podemos tirar. estuprador, sociopata, maníaco, torturador e padre pedófilo também é vida. quem está quase sem ela, na cama de hospital, sofrendo dores terríveis diariamente, merece continuar assim até seu fim agonizante, segundo, e seguindo, a religião?

não significa dizer que tudo deve ser liberado. e não deve. estou falando apenas de vida e morte. quem acha que tudo deve ser liberado, é o mesmo que achar que se legalizarmos a corrupção, o problema estará resolvido. a corrupção atravanca o funcionamento de uma sociedade e seu progresso. permitir a corrupção é tiro no pé. como punir os crimes? a punição precisa servir de exemplo, ser prática, útil para a sociedade e – se com o tempo – não for possível transformar o criminoso em alguém “curado”, que ele pelo menos continue sendo útil para o mundo de alguma forma.

resumindo: o que mais funciona quando eu quero evitar acúmulo de formigas na minha pia: eu evito derrubar açúcar… ou, se derrubei, limpo antes de dormir… o mesmo vale para as baratas.

respostas para os problemas existem. só precisamos fazer as perguntas certas.

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