Jornalista e Marketing: casamento por amor ou conveniência?
O casamento entre jornalista e marketing virou obrigação. Em redações passadas, ambos não entravam nem pela mesma porta, não se viam. Mas agora mudou (um agora de já alguns anos). Na hora de procurar emprego um dos pedidos básicos é conhecimento em marketing digital, técnicas de SEO, ou aparecem palavras como Inbound, outbound e por aí vai. Há ainda o fenômeno não muito recente de vários jornalistas sendo demitidos ou saindo para montar seus próprios sites de conteúdo exclusivo, ou canais de vídeo. E se dando bem, muitas vezes. Como? Por quê?
Em outras palavras: para fazer isso, ter uma vida independente, este jornalista precisa virar um empreendedor. E, como tal, entender de gestão de negócios. Saber vender… e consequentemente, entender de marketing. É isso. Marketing define tudo, de cultura até política.
Jornalista e publicitário: quem é esse profissional
O jornalista finalmente está se tornando publicitário, ou “marqueteiro”. Para alguns era um sonho ver o jornalismo vender a si mesmo, ganhar dinheiro. Para outros, era uma corrupção, um desvio da própria profissão ter de associar seu trabalho de informar ao trabalho de vender, mesmo que essa venda seja do seu próprio trabalho. E, sim, havia e há questões de conflito de interesse no trabalho de publicidade e jornalismo. Mas na era digital é possível ser jornalista e usar técnicas de marketing digital para… para o quê? Para oferecer, “vender” seu texto para o Google, assim ele irá oferecer de uma forma mais efetiva para o público que te interessa.
Esse casamento com o marketing não é mais como antes, como se o jornalista vendesse a própria alma ao mercado. (leia um pouco mais sobre ética jornalística na era digital no site do Centro Internacional para Jornalistas). Bem, então, o que fazer?
A expressão “saber vender o peixe” já fazia parte das atribuições do jornalista. Em redações antigas, ele precisava mostrar suas ideias, ir em busca da notícia, sugerir pautas para o chefe, sem medo nenhum. Isso já era vender o peixe, ou seja, mostrar sua imagem. Mas no caso, o chefe, a chefia, era o que o google é hoje. Aquele chefe era a pessoa a quem queríamos agradar. Os textos tinham a cara dele. Mas agora não é mais assim.
Jornalista e marketing: Google é o “cupido”
Para ver seus textos posicionados de modo que o leitor os encontre rapidamente, facilmente, temos de agradar quem os distribui. Agora nosso “chefe” é o Google mesmo. É para ele, ou ela (ninguém disse que o google não possa ser mulher), que escrevemos. É para esta ferramenta que pensamos nosso conteúdo. Isso porque ele é um buscador. E as pessoas que vão nos ler e ouvir e ver, querem procurar algo e vão encontrar o que querem no google. Mesmo que seja um texto para um contexto específico, como por exemplo eleições de um determinado ano, seu texto pode continuar sendo lido, anos depois. E ele, o buscador, vai oferecer o conteúdo que ele acha interessante para as pessoas. Nós sabemos ser interessantes?
Vou ser direto: faça cursos de marketing digital e SEO, com foco para jornalistas. Você não irá entregar sua alma ao diabo. Garanto. E olha que, pessoalmente, sou contra jornalista fazer publicidade. Mas não sou contra usar técnicas marqueteiras digitais para colocar meu texto no topo do Google.
É por isso que o jornalista precisa namorar a ideia de ser mais “marketing”, ou melhor, de saber usar as técnicas de marketing para que o texto fique mais atraente para o… Google. Essa ferramenta vai levar nosso texto para quem está interessado nele. Jornalistas precisam aceitar o casamento com o marketing. Por interesse ou por amor. Mas se for por interesse, que não seja um interesse falso, ou imoral ou corrupto. E que seja, isso sim, eterno, enquanto dure.
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