há poesia em cada um de nós
uma poesia fina e adocicada
nem um pouco parecida com gim tônica
uma concresia estranha amalucada
reveladora dos mais insuspeitos travessões
a visão, os dedos, da mão
uma poesia franca
sem ser daquelas em se que arranca um beijo desejado,
à força, mas conquistado,
por excelência interessantemente adverbial, coloquial
nada compacto, firme, como a noite asfáltica
de sonhos invertidos, de puras e escuras histórias,
tão obscuras vidas noturnas
porque me deito numa cadeira
para escrever a poesia…
Numa tentativa de ser dia,
porém, mas, contudo,
me buscar poeta revela uma falsa idéia de profeta
e uma amargura sincera de ser tão urbano, tão provinciano…
quanto vale um poema?
um sorriso, uma conquista, um brado retumbante…
ou minha sessão de análise gratuita?
eu queria ser fotógrafo
mas o que eu vejo tem forma de palavras e sonhos
pra que serve a poesia
(não é uma pergunta)
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