cru (trecho de um conto meu, um conto violento)

0 Flares Twitter 0 Facebook 0 Google+ 0 Filament.io 0 Flares ×

((se gostaram, cliquem aqui e vejam como comprar meu livro de contos, só 2,99, livro digital))

dois dias antes, a morte 

Dalinha entra. A amiga não chegou. Deve estar bebendo com o namorado. 

Louça, roupas, uma barata mais adiante, vou descansar. Tira a roupa. Barriguinha chata. (Gorda?). Será que é essa barriga que não me traz felicidade? Mas os homens me acham gostosa. Quando eu ponho a bermuda ciclista preta, vixe, eles só faltam me comer ali mesmo na rua. Minha bunda é grande. Mas excita. Os homens gostam de comer a gente por trás. Por isso valorizam a bunda. Na verdade, quem só valoriza a bunda, e só a bunda, não consegue encarar a mulher de frente, olhos nos olhos. Não consegue. Na hora do amasso, eles fecham os olhos e me lambem toda. Não, eles não têm tempo de olhar nos olhos. Minha bunda é enorme. Mas excita. Só aos podres homens, só aos podres. Dalinha deita só de calcinha e sutiã. O sofá range. Liga a tevê com o controle remoto. Mas seu pensamento não olha o que está nas imagens televisivas.
Olha para um sorriso que lhe está sorrindo. Dalinha se assusta mas não grita. Ela conhece aquele sorriso. O vulto se aproxima.
– Você está sorrindo de safado, né! Só porque eu tô pelada. Mas eu não ligo, não, pode olhar. Quê que cê veio fazer aqui?
O vulto passa por ela, cruza a sala até a cozinha. Dalinha vai atrás. Entra na cozinha. E vê algo cortando sua garganta. Rápido. Suas mãos agarram o pescoço. As mãos absolutamente vermelhas. O assassino incrivelmente gélido assistindo o horror de Dalinha. Chorando sem gemer, sem entender. Dalinha,
horrorizada com seu próprio sangue jorrando, não consegue sair do lugar. Se ajoelha e continua apertando o pescoço. Aí ela olha nos olhos do assassino. Ela entende. Entende que vai morrer. Fecha os olhos e espera o golpe final. Ela não vê que o assassino acertou sua cabeça com um taco de madeira, que as crianças usam pra jogar, e o criminoso usou pra rachar o crânio de Dália Deneide Dorval. Foi carregada pra cama. E, cuidadosamente, foi retirado o sutiã, e depois a calcinha. Nua, de pernas abertas, o assassino rasga o envelope de camisinhas, põe uma e investe na falecida. Transa freneticamente.
Insatisfeito, vira a moça, morde sua bunda com inexplicável romantismo, misturado a estocadas violentas quando a penetra por trás. De novo por trás, ele arrebenta o ânus da moça. Parece irritado com isso. A cada estocada ele bate na Dalinha. Socos nas costas. Se cansa. Retira a camisinha com cuidado. Vai ao banheiro e a enrola em papel higiênico, guardando no bolso de dentro de sua capa.
Ele veste a capa, e vai embora, mas antes ele olha a vítima, se aproxima, e chuta-lhe violentamente a bunda.
E desaparece. 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

*


*

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.