A TORMENTA

0 Flares Twitter 0 Facebook 0 Google+ 0 Filament.io 0 Flares ×

a chuva faz a sua dança pelo chão da rua 
e numa artilharia os pingos varrem a sujeira 
e a chuva faz desenhos pelo chão de areia e numa fina artilharia acumulando-se nas valas em demasia e o vento apressado vem provocar novo balé de gotas pelo chão e numa promoção de dois agá dois ó 
pela rua cinza tudo despencou do céu 
e abriram as portas do paraíso e de lá vieram as possibilidades de afogamento 
e água de graça para se beber se molhar 
água para se lavar 
se deixar afogar e inundar a sua vida com descaso e todas as conjugações do verbo faltar 
e vamos inundar a inocência com miséria e inundar a vingança da natureza com descaração 
e inundar a sua vida com eficiência sem paixão 
quem quer ser levado junto com o carro e a cama a geladeira e a televisão 


e quem leva é o ralo do esgoto do banheiro do chuveiro 
e o dia inteiro até chegar no rio e no mar no oceano e para o céu e pra nunca mais 


e quem leva tempo é a morte é o vento é a chuva
quem colhe o que plantou não consegue pagar a dívida no banco 

e quem leva a chuva é o vento a velocidade
e quem teve tempo é a juventude a mocidade 

precisamos saber como viver embaixo d’água 
sem incomodar os coliformes fecais 
e conforme as recomendações oficiais vamos esperar até a aprovação das reformas institucionais 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

*


*

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.