A TORMENTA
a chuva faz a sua dança pelo chão da rua
e numa artilharia os pingos varrem a sujeira
e a chuva faz desenhos pelo chão de areia e numa fina artilharia acumulando-se nas valas em demasia e o vento apressado vem provocar novo balé de gotas pelo chão e numa promoção de dois agá dois ó
pela rua cinza tudo despencou do céu
e abriram as portas do paraíso e de lá vieram as possibilidades de afogamento
e água de graça para se beber se molhar
água para se lavar
se deixar afogar e inundar a sua vida com descaso e todas as conjugações do verbo faltar
e vamos inundar a inocência com miséria e inundar a vingança da natureza com descaração
e inundar a sua vida com eficiência sem paixão
quem quer ser levado junto com o carro e a cama a geladeira e a televisão
e quem leva é o ralo do esgoto do banheiro do chuveiro
e o dia inteiro até chegar no rio e no mar no oceano e para o céu e pra nunca mais
e quem leva tempo é a morte é o vento é a chuva
quem colhe o que plantou não consegue pagar a dívida no banco
e quem leva a chuva é o vento a velocidade
e quem teve tempo é a juventude a mocidade
precisamos saber como viver embaixo d’água
sem incomodar os coliformes fecais
e conforme as recomendações oficiais vamos esperar até a aprovação das reformas institucionais
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