a maré
Não me lembro do mar nem de nada parecido guardado na retina minha da minha míope vista
Não que no passado fosse míope
Mas o mar se vê longe de perto ou de longe e de longe vejo mal
mas eu veria o mar num só azul de movimento calmo e azul
Veria
se me lembrasse do mar ou de tudo parecido que estivesse guardado perto de mim
Mas no meu passado eu via bem de longe mas nunca enxergava longe
a história
Não me lembro de na minha história haver o mar nem de nada que não fosse parecido com a tela de um desenho no asfalto
toda minha história mergulhada na imensidão urbana
o que eu disse
como se o mar não tivesse ondas (ainda que pequenas e, se paradas águas são, sempre há quem jogue uma pedra, provocando o andar de ondas)
eu não tinha memória
Não me lembro do mar mas me lembro de ter me afogado em milhares de pesadelos marítimos
é possível sentir conhecer algo sem ao menos vê-lo há tanto tempo?
quando vi o mar, quase vinte anos depois da primeira e única vez, era como se fosse a visão de uma deusa das águas. a potência da natureza multiplicada por aquele sussurro violento e calmo… infinito e belo
como se fosse a própria alma do mar
a mar é
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