beijos na augusta

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enquanto corpos se afundam na areia movediça de suas camas
cabeças giram, corpos se contorcem
quadris estão fora do quadro
barrigas contraídas e pernas tremidas:
os olhos lacrimejam e a boca está seca
 
somos feitos de carne também
mas algumas pessoas fazem fotossíntese
 
para que chaves de uma porta se posso atravessá-la?
a vida urbana é arte de desenho abstrato
som de impiedoso grito surdo
dessa rua cheia de pessoas solitárias
das almas nuas
percebe-se o suspiro alcoólico
um sussurro tão suave quanto a chuva fina
 
delas vê-se a pele umedecida
de gente dançando lentamente
com os braços bêbados escorregando

 

mãos aparando cada beijo vão
 
o caminho é sem volta

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