liberdade virtual
o google, empresa que mais coleta, armazena e processa informações no mundo, criou um identificador único para cada usuário, com o máximo de informações pessoais que puder coletar. e a polêmica se instalou. de um lado estão todos aqueles que não querem seus dados pessoais disponíveis para qualquer um. do outro o google dizendo que a internet é livre.
ter privacidade na internet ou não ter. eis a questão. os estados unidos vivem um período de grande preocupação com a privacidade online. tudo porque houve recentes descobertas de que certas empresas coletavam dados pessoais sem que os clientes soubessem.
o google não é o único alvo das críticas, mas como é a maior empresa do setor de coletagem, armazenamento e processamento de informações, os holofotes estão sobre ele.
as críticas vêm de todos os lados. do presidente americano, dos órgãos competentes, de várias instâncias do poder judiciário e de grupos de defesa do consumidor.
vêm da europa também, que pediu ao google que adiasse a aplicação de sua nova política de privacidade, por ela não se enquadrar nos padrões de proteção de dados europeus. o google disse não.
o presidente barack obama falou em discurso recente que os consumidores americanos não podem esperar mais para ter regras claras que assegurem que suas informações pessoais estejam seguras online.
o governo pressiona o congresso a aprovar uma lei de direito à privacidade.
as grandes empresas de internet se unem para desenvolver sua própria autorregulamentação e tentam convencer o público de que qualquer lei é nociva à liberdade geral.
na verdade, a constatação nos estados unidos é de que as empresas estão preocupadas apenas com sua própria liberdade de continuar criando e faturando sem a transparência necessária.
muitas pessoas não sabem que informações pessoais podem ser coletadas de seus computadores e telefones sem que elas tenham autorizado nada.
o google tem interesse em identificar os usuários para rastrear tudo o que a pessoa faz, onde buscam informações, sites que pesquisam etc. a partir disso, o google vende publicidade personalizada, com base naquilo que viu você procurar no seu dia a dia. as pessoas podem achar isso legal, ou não.
o problema é o tipo de poder que se dá para uma empresa que sabe todos seus dados pessoais, inclusive sua localização exata, graças ao gps ou o wireless, ou ao celular que estiver usando para ficar online.
assusta também o fato de que a empresa pode vender seus dados – sem sua permissão – para quem quiser pagar. o google consegue, por exemplo, todos os dados de seu celular. com que andou falando, dia, hora e duração das chamadas. eu mesmo, por exemplo, estou usando uma conta do google para divulgar meus trabalhos e meu blog. e o google sabe minhas preferências, porque eu as pus em rede. e a empresa pode, sem querer, bloquear, apagar e impedir que esse meu texto chegue a você. ou por querer mesmo. é claro que eles não têm motivo para fazer isso. mas poderiam fazer e poderiam alegar qualquer coisa como desculpa.
isso assusta?
o público não ajuda. uma pesquisa da universidade da califórnia constatou que 98,6% das pessoas não têm o hábito de ler as regras de uso dos serviços online. textos longos, incompreensíveis aos leigos, e as letras miúdas também não ajudam. nove em cada 10 pessoas não leram a nova política de privacidade do google.
quem tentar restringir a internet vai falhar, é o que dizem as empresas como o google. o mesmo argumento vale para quem defende o direito à privacidade. afinal a internet não precisa tratar o público como gado, massa de manobra ou ignorante. um clique não vai resolver essa polêmica.
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