diário dos xingamentos parte 1

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– oi, fio do milho! vai-te daqui, que eu num quero essas galinha no meu roçado
– quê !! fio-do-mio é o cão que te pôs no mundo. tua mãe é que andou ciscando pros lado de cá. e eu num me surpreendo se dessas muié aqui metade fô a cara da tua
– cão danado! eu num vô criá galinha pra dá pinto pra ninguém!
– quem é galinha aqui? ocês dois num passa de meio pinto pelado e molhado. nós somo tudo de família
– pode ter certeza. a família docês saiu da mesma chocadeira.
– ói, tu num sabe que tá enfiando a mão em buraco de tatu, seu moço? nós som’ulher mas sabemo usá o ferro.
– pode apontar no peito queu tô me cagando. quando cês tavam tudo crescendo as tetas, eu já me servia do leite das mães de ocês
– e eu também
– home é tudo igual. inda agorinha cês tavam pelejando, mas bastô vê um amontoado de mulhé pra se achar do mesmo lado.
– cês tão falando de mulhé, ou desses bicho feio dos inferno que são ocês?
– é verdade. aquela é zambeta que só. a outra tem os peito murchinho que parece dois prego. a Xandô tem um bafo de lascá que inté os urubu tem medo de perto chegar. e afora o resto docês, com cara de preá.
– bem falado, Ismalino.
– pois olha a resposta… tu, baixinho, buchudo, perna torta, só Deus pra explicar como cê fica em pé. e tu, Ismalino, andando parece um sapo. e falando é um bode. os dois chifrudos gostam memo é de mamar no boi. e essa barriga de Jovino é de prenha, só não se sabe quem é o pai: ainda farta pesquisá na região pra lá do rio.
– bem falado, Xandô!!
– e tem mais. Ismalino quando caga num precisa nem sentar. o buraco é tão aberto que só de pensar a bosta já tá saindo.
– vixe, Ismalino. acho que nóis tamo sem dita.
– tem problema, não, Jovino. essas fia-do-cão vão tê o troco. simbora, mulherada, sai do meu roçado. avia, avia!!!
– vamo em hora boa. inté pra quem fica.
– vai, seus bicho dos inferno. ô, raça! Deus criou as mulhé pra embuchar, falar mais que a boca e virar a cabeça dos home.
– e num é…

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