graça: crianças e praças

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Graça: toda criança tem a sua. A infância é uma graça. Portinari fez inúmeras obras sobre crianças, pobres, nordestinas ou aquelas da infância dele no interior de São Paulo, em Brodowski. Meu poema é sobre crianças frequentadoras de praças de cidades do interior (pobres, em sua maioria). Mas o poema Graça não contempla a inocência e brincadeiras,  como neste quadro, Roda Infantil, de 1932. Contempla o descaso.

 

As crianças nas praças me abraçam com seus braços de avelã 

 

Com seus corpos cheirando manhã sobre manhã 
As crianças das praças me arrastam para suas vidas de cimento 
Escorrendo com a chuva suja pelas esquinas irônicas do cinza dia 
são as histórias do avesso desses dias que não são as cores 
desses dias que esquecemos e fazemos 
cada dia ser outro dia tão depressa tão vazio 
quanto mais vazio mais depressa passa o dia 
mais angústia perfuma nossa mente 
(Toda manhã pulam das janelas e recitam ódios e trovões 
e rezam com as duas palmas abertas 
uma na cabeça coçando 
outra espalmada pro céu 
Então o tempo é uma piada sem graça e o espaço é tudo ou nada 
E assim a criança-praça passa a cantar e sorrir 
Como se sua desgraça fosse má sorte 
Má vida má sina malvada malhada manchada marcada má) 
(minhas páginas, pessoais ou de cursos: instagramugrowth e linkedIn)

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