graça: crianças e praças
As crianças nas praças me abraçam com seus braços de avelã
Com seus corpos cheirando manhã sobre manhã
As crianças das praças me arrastam para suas vidas de cimento
Escorrendo com a chuva suja pelas esquinas irônicas do cinza dia
são as histórias do avesso desses dias que não são as cores
desses dias que esquecemos e fazemos
cada dia ser outro dia tão depressa tão vazio
quanto mais vazio mais depressa passa o dia
mais angústia perfuma nossa mente
(Toda manhã pulam das janelas e recitam ódios e trovões
e rezam com as duas palmas abertas
uma na cabeça coçando
outra espalmada pro céu
Então o tempo é uma piada sem graça e o espaço é tudo ou nada
E assim a criança-praça passa a cantar e sorrir
Como se sua desgraça fosse má sorte
Má vida má sina malvada malhada manchada marcada má)
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